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Econômico e Financeiro

Cenário macroeconômico

A inflação deu o tom do cenário econômico mundial em 2023. Os Bancos Centrais precisaram reagir a índices mais altos e resistentes que o esperado, elevando as taxas de juros básicas. Esse ambiente afetou as expectativas do mercado em regiões importantes como Estados Unidos e Europa. Além disso, os riscos geopolíticos com conflitos em diferentes territórios geraram ainda maior instabilidade.

Nos Estados Unidos, a taxa básica de juros bateu o maior nível dos últimos 15 anos, atingindo 5,50%. As curvas futuras acompanharam o movimento, com o Treasury de 10 anos chegando próximo a 5% anuais, afetadas também pela piora da situação fiscal do governo. A cada novo anúncio do Banco Central norte-americano (FED), o mercado se agitava, seja pela crença de uma mão mais pesada, jogando as taxas de juros futuras para cima e os preços dos ativos de risco para baixo, seja por uma mão mais leve, trazendo as taxas de juros futuras para baixo e subindo os preços dos ativos de risco.

À medida que o quadro evoluía, pode-se notar que, apesar do aumento das taxas de juros, a economia norte-americana seguia forte, com bons indicadores de emprego. Passou-se, então, a apostar em um pouso suave, com uma dinâmica inflacionária melhor e a perspectiva de uma queda mais rápida dos juros. Os ativos de risco se beneficiaram desse ambiente que, somado ao otimismo do mercado com setores como os da inteligência artificial e biomedicina, impulsionou o valor das ações. O S&P500 encerrou 2023 com valorização de 24,3% e o Nasdaq obteve ganho de 43,4%, ambos perto de suas máximas históricas.

Na Europa, as discussões também giraram em torno do controle inflacionário e da dose correta de juros a ser adotada. Nesse caso, porém, a discussão ocorreu em um território muito próximo do conflito Rússia-Ucrânia, fator que afetou de forma significativa as economias da região.

Já a China viveu um contexto econômico diferente: seu tema principal não foi a inflação, mas o crescimento econômico. O ano abriu com perspectivas positivas que acabaram sendo dragadas pela intervenção governamental e a crise histórica no setor imobiliário. Ao longo do ano, apesar dos cortes de juros e incentivos do governo, o mercado continuou adverso, com os ativos de risco fechando o ano com fraco desempenho.

2023 foi marcado pela alta volatilidade, com variações acentuadas nos preços dos ativos durante todo o ano. Houve vários motivos de incerteza no mercado que resultaram no aumento das taxas de juros futuras dos títulos públicos, na queda dos preços das ações e na elevação dos spreads de crédito privado – como os casos das Lojas Americanas e da Light.

A aprovação do novo arcabouço fiscal representa um esforço importante por parte do governo.  O crescimento econômico foi forte no primeiro semestre, com um impulso ainda maior no segundo em função do controle inflacionário, do início dos cortes de juros básicos, da boa performance das contas externas, da aprovação da reforma e da elevação da nota de rating soberano do país por diferentes agências de risco.

No entanto, o mercado internacional passou a tomar o lugar das variáveis internas como fator de risco. Os preços dos ativos começaram a flutuar conforme o humor dos investidores externos. A cada nova notícia sobre a taxa de juros norte-americana, o mercado brasileiro reagia. Por fim, com um ambiente interno positivo e um mercado externo mais confiante, os ativos apresentaram valorização relevante no ano.

O índice IMA-B5, que reflete o desempenho dos títulos públicos de curto prazo indexados à inflação, alcançou ganho de 12,13% em 2023. O índice IMA-B5+, que retrata a performance dos títulos públicos de longo prazo indexados à inflação, atingiu 19,28%. O Ibovespa ficou com 22,28% de valorização, superando os 134 mil pontos, um recorde histórico. O CDI médio foi de 13,05% e a inflação (IPCA) fechou o ano em 4,62%.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a parcela idosa da população foi de 11,3%, em 2012, para 15,1%, em 2022. Diante da percepção dessa realidade e da reforma da Previdência Social, os brasileiros vêm despertando, ainda que lentamente, para a importância do planejamento previdenciário.

Globalmente, devido à pressão do aumento contínuo da longevidade, os sistemas previdenciários de diferentes países estão tendo que se adaptar para assegurar a qualidade de vida da população. Segundo pesquisa divulgada pela OCDE, as entidades fechadas de previdência somam, mundialmente, mais de US$ 35 trilhões em reservas.

No Brasil, o setor deve assinalar, no consolidado de 2023, um crescimento em torno de 5%. De acordo com estatísticas da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), o setor impacta a vida de mais de 8 milhões de pessoas, sendo 3 milhões de ativos, 880 mil assistidos e 4,2 milhões de dependentes registrados. No total, 273 entidades operam 1.186 planos que pagam anualmente R$ 88,6 bilhões em benefícios previdenciários. O patrimônio do setor atinge a marca de R$ 1,21 trilhão.

Segundo a Abrapp, um dos indicadores mais positivos do sistema brasileiro mostra que sua solvência está alinhada com as principais economias mundiais. A solvência de todos os planos de benefícios marca um índice de 97%. Com o fechamento de 2023, essa taxa deve ser ainda melhor em função da queda do déficit apresentado por alguns planos.

Em setembro de 2023, o déficit total era de R$ 43 bilhões, praticamente estável em relação a dezembro de 2022 (R$ 42,3 bilhões). Em ambos os casos, bem abaixo do déficit de 2021, no auge da crise da pandemia, quando se chegou a R$ 53,4 bilhões em dezembro. Já o superávit registrou leve aumento, indo para R$ 26,9 bilhões, em setembro de 2023, contra os R$ 26,3 bilhões de dezembro de 2022.

Ainda são esperados os números finais relativos aos balanços das entidades em 2023, mas o setor se prepara para a continuidade de seu crescimento com base nos seguintes pilares: aprimoramento do arcabouço regulatório, modernização das regras dos planos (com maior flexibilidade e incentivos para adesão), governança e controles ainda mais robustos, maior uso de tecnologia e maior difusão da educação financeira e previdenciária entre a população.

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